Cárcere dos porquês

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Arranca dos meus lábios um viés, uma fuga.
Dita-me teus modernismos, nos cafés, um refúgio.
Faz-me esquecer do caos terrível dos porquês
Aceitando a metafísica invisível dos clichês.

Quando meus olhos, mística profunda resvalar,
Sorri artisticamente, escondendo as tristezas do calar.
Se ainda assim, reverbera pela casa o silêncio revestido
De profundas mágoas passadas; canta, sem além motivos.

Ignora minha lógica tardia das alucinações,
Têm na mágica do dia, todas as recordações,
Das racionalidades vagas, ao vento que se esquece.

E que este esquecimento traga, ternura que aqueça
Esta frieza existencial das dores, então não vividas.
E traga ainda, conforto às almas, ligeiramente divididas.

Jônatas Luis Maria