Estética da Mágoa

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“Devora-me, deforma-me à feiúra. Por que não tu?”
Marguerite Duras

Consternações de que o peito se alimenta,
Canção idolatrada dos pedaços do destino.
Ser um quarto vazio condenado ao tétrico
Esquecimento de antigas canções de ninar.

Pedaço de ternura atirada à margem do descaso;
Garganta incontida d’um latente desespero
A emanar o rugido insensato da solidão
Ecoando o intangível silêncio das indiferenças.

Miasma mutilado por pétalas de sensibilidade
Rasgando em versos o todo indivisível sorriso.
Fragmentado fantasma, multifacetado, no entanto,
Tantas máscaras possuir e nenhuma servir-lhe ainda.

Todo multiverso condensado em uma lágrima
Pendurada em rosto de cristal estilhaçado.
Sobra unânime de todos restos d’alegria;
Um rastro, deixado por um amor que passou.

Jônatas Luis Maria