Soneto da sexta feira santa

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Vamos celebrar a festa proletária,
Fanfarra da nossa parca colheita.
Gargalhar frente à tragédia hilária,
Proclamar santos de qualquer seita.

Comungar perante um deus do nada,
Onipresente. Falta, cansaço e açoite.
Em casa comuna, que não é morada,
Reviver cada noite como um deleite.

Sejamos um pacto em meio algazarras,
Ideal morto que já não há quem aceite.
Traídos, ensimesmados de suas amarras

Revolucionar, e ser em si um enfeite,
Oh meu ego universal de tiranas agarras
Livrai de mim e todos, tudo que se sujeite!


Jônatas Luis Maria