Solidão


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Ensaia-se o tempo, e a cena sai d’improviso.
Pintamos o amor na era das fotografias.
Sonhos pertencem a tempo que não houve,
Cena ensaiada, então verossímil, rebenta em nudez.

Ao passo que partimos se partem os corações em silêncio.
Do trato que fizemos ficam os vazios em meio ao vento.
Dos abraços, cintilam calçadas que escorrem toda chuva,
E passantes perpassam apáticos este caminhante invisível.

Não se faz memória de quando o outro havia,
Tampouco diferença se carnaval ou o dia-a-dia.
Sensação dúbia, inquietude morosa. Agonia?
Noites impregnadas de anemia caem lentas e duvidosas.

A casa cisma em manter-se fechada, foge à luz sensível,
Caverna onde vivem selvagens e perigosos pensamentos.
Jaula de memórias que, insatisfeitas, de fome ameaçam.
Havia pássaros na gaiola, já não cantam. Devoraram-se!

Jônatas Luis Maria