Carne Poética

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Para Douglas e Renata.


Toda pele retalhada de desgraças
e a graça desmedida em toda pele.
Toda taça é conjuntura de cacos
nas peles que rasgar-se-ão por acaso.

Como sangrará a vida alexandrina!
Sem rimas, e  no calabouço do tempo
estender-se-á tal mágoa, tão ferina
que estéticas fugazes serão tragédias.

Ainda assim toda carne libertará!
Rasgada e nua renascerá poesia. E crua
inundará azeda os lábios libertinos
quando todo verso versar beijos de adeus.

O poeta, feito um canário louco
cantaria uma canção no céu devorada
a despertar tantos mortos de suas lembranças
e todos monstros no coração dos homens.

Jônatas Luis Maria