Desmesuras




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Não me agarro à bandeiras,
mas ao lixo, à clausura.
Não pertenço à comuna,
tampouco às causas medievais.

Sou o sangue das gargantas cortadas
manchando a roupa dos condenados.
Sal da terra no vestido de Maria
Tenho em mim ovulações do cosmos.

Nem atritos tenho nos pés, mas carne viva
Porque caminho há séculos ao teu encontro
e portanto, indizível, consumado, desumano
espezinho tudo que me parece tua sombra.

Não tenho carne, olhos, boca - sou vendaval
e simplesmente exijo que o mundo sopre
forte e incomensurável, como há de ser o mundo
quando se trata de acarinhar tormentas.

Não sou a morte, mas a vida que se esvai,
nem os dias ou as noites,  mas os intervalos.
Não sou amor, desamor ou amizade,
E sim sinceridade, doa em mim a quem doer.

Jônatas Luis Maria