Flor do Remorso

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Pudera ainda viver um amor tão doce de emoção,
O sentimento de páginas no branco das esperas.
Nas metáforas esclarecer-se, redimir-se de si só
E dos pecados anteriores, feito anjo, alheio dormir.

Pudera reviver aquilo que antes não pôde viver
E que por algum pormenor se passou ausente.
Sem resquício de consciência retratar o que não foi
Para seguir então adiante, adiante e tão somente.

Mel gelado das essências é o passado adormecido
Que retumba, remete a tudo que fora deixado de lado.
De remorsos incendeia o ventre lacerado de si mesmo,
Agita um choro que de tão quieto não se esvai ainda.

Este pranto enclausurado na garganta ressequida
É o desconsolo dormindo silencioso atrás dos olhos.
Na doçura que se esvai de fronte ao espelho sombrio
Passa de relance o amor vivido à pena nas entranhas.

Jônatas Luis Maria