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Paixão é a flor que o diabo carrega no peito,
Flor-de-lótus que vai crescendo num pântano.
Murcha pela manhã. Cada pétala uma mácula,
Cada mácula um crime. Torpor de maldades.
Emaranhado das carnes e almas, sombra da lua.
Entrelace da vida corriqueira e do verossímil,
A lágrima das correntes, ferrugem consumindo.
Paixão é solstício de inverno, equinócio da tristeza.
Própria semente do humano, liga-se à inconsciências.
Parte a passagem do sol nos arquipélagos do coração,
Corta o dia, fazendo-o sangrar tardes de chuvas infinitas,
Queima bandeiras que no peito agitas. Anarquiza hábitos.
Paixão é força que delimita. Limiar das fleumas trêmulas
Das convulsões e espasmos. Dos cômodos vazios, abandono.
É graça cheia de bruxaria, espinho nascido em flor mais bela,
Paixão. Enraizar-se n’outro que não tu, perecer na febre alheia.
Jônatas Luis Maria