A Flor dos Reflexos

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Uma bomba relógio aqui no peito
Palpita desregrada. Múltiplas explosões.
Mandar o eu lírico ao quinto dos infernos
E descobrir então, que o inferno sou eu,
E quinto de mim: poesia.

Todas as vezes ao dia em que morro,
Renasço num pedaço mais adiante.
Mais constante, mas ainda instante.
Menos perplexo, muitíssimo constituído
Dos pedaços de quem perpassa meu viver.

Vagar entre pequenos delitos, furtivo.
Achar-se parado na tônica do verso,
E dali, ver o mundo, e mais que o mundo
E deus e o infinito. E tudo ser pequeno,
Mas ao mesmo tempo tão maior que eu.

E tão menor que você, que é grande,
Gigantesco em minha ignorância lúdica,
A pensar que sou ainda pedaço de criança
Vivendo entre demônios na escuridão,
Idealizando encontrar os anjos, talvez em você.

Jônatas Luis Maria

Subversivo de Espelhos

(Os Fetiches da projeção)
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Vieste, e fizeste bem. Eu esperava,
queimando de amor; tu me trazes a paz.
Safo


Todos os outros vivem. Eu sonho.
Metafísicas na minha cabeça confusa.
Um Breton sem manifestos. Um papiro
De variações oníricas, jogos de inconsciência.

Translações em aforismos falaciosos.
Floração incompleta sempre imatura,
Então, a natureza tende esquecer-se,
E o sonho faz-se o terceiro sublime.

Aquele que desregra, decompõe o espaço.
Dinâmico tempo de múltiplas instâncias.
Aqui jazem todas as metáforas, insânias;
Casa de Safo e Hermes no intestino do Caos.

A ti toda volúpia, confusão que o corpo destrói.
Graças aos teus irmãos Ícelus e Phantasos!
Meu grande amor dos infernos! Fetiche do virtual:
Minhas mãos não se cansam de tocar em você.

Jônatas Luis Maria