Lótus e Lis

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Nunca um Rimbaud beijara-lhe
O corpo maculado de crimes funestos.
Prostituta alguma lambeu-lhe as chagas noturnas.
Tampouco os pássaros deixaram de cantar
Quando presos na gaiola do habitual.
Antes pelo contrário, morreram em sinfonias.

Todo o sentido do mundo encerra-se numa palavra.
E palavra alguma faz algum sentido.
No rosto dos assassinos há sempre um sorriso.
Na pena dos poetas, sempre um pesar.
Há todo um delírio naquelas flores brancas
Quando murcham ao amanhecer, e o amanhecer.

São todos vultos, trespassados em meia-luz,
Que se cortam a meio-olhar e perdem-se pelos bares.
De bar em bar, corpo em corpo, nos toma de assalto a vida
E em cada noite planeja-se o crime de ser e não estar,
Porém jamais houvera o amanhã para comemorar,
E quando nos apercebemos, já é hora de dormir.


Jônatas Luis Maria