Mosaico dos ventos uivantes

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As horas que passei a teu lado
mastiguei momentos.
Revolvi a relva
como se te afagasse os cabelos,
tua crina matagal
e tua doçura de capim.


Cantei em teu colo os fados do mundo,
meus sonetos, teu design, tua cara,
minhas mazelas embriagadas,
tua cura, que me cura
em teus museus.

Transportei as nuvens e ainda assim
tu choveu.
Pintei os muros, as clausuras
e teu corpo
se escondeu.

E eu gritei, como peste que inunda
O metrô cosmopolita
do teu eu.
Sacrifiquei o canto,
naquele canto
em que o mundo
me esqueceu.

Não sei se sou
teu coração partido,
mas sei que sou coração de nuvem,
de remendos e pedaços.
E esses dias são de um céu
acinzentado claro
acidentado e morto.

Jônatas Luis Maria