Peripécia
esse jogo de esconde-esconde.
Malícia em que se disfarça olhares.
Na roda de passar anel sentir tuas mãos
e depois sorrir timidez
com as mãos vazias.
É quase lúdico percorrer às cegas
tua silhueta fugidia nos espaços,
entremeio de estações.
Um pouco mais triste a vizinhança
dessa casa de brinquedos.
Quão sombrio é o conto de fadas
de saber tanta mágoa em tuas orações?
Que temor incompreensível da noite
quando ao acender as luzes num susto
tudo que se encontra é sombra e eco!
Esse quebra-cabeças incompleto
das peças que faltam, paisagem rompida,
cena eternamente sem fim.
Para os dias de chuva restam lápis de cor,
caixa de dominós para enfileirar em letras
e derrubar inteira a palavra adeus.
Ao lado da cama velhos cadernos,
noutro lado cartas de amor.
Que lugar para guardar segredos,
senão o criado-mudo?
Sobre a cabeceira um anjo de gesso,
cujas asas foram coladas, sem mais voejar,
repousa suas mãos unidas em prece
e segura um retrato de tardes distantes.
Lá no canto oposto do quarto
repousa um velho palhaço de corda.
Recorda. Tem olhos redondos de medo
e traz estampado na roupa puída
a pasma e embotada palavra
Alegria.
Jônatas Luis Maria
tua silhueta fugidia nos espaços,
entremeio de estações.
Um pouco mais triste a vizinhança
dessa casa de brinquedos.
Quão sombrio é o conto de fadas
de saber tanta mágoa em tuas orações?
Que temor incompreensível da noite
quando ao acender as luzes num susto
tudo que se encontra é sombra e eco!
Esse quebra-cabeças incompleto
das peças que faltam, paisagem rompida,
cena eternamente sem fim.
Para os dias de chuva restam lápis de cor,
caixa de dominós para enfileirar em letras
e derrubar inteira a palavra adeus.
Ao lado da cama velhos cadernos,
noutro lado cartas de amor.
Que lugar para guardar segredos,
senão o criado-mudo?
Sobre a cabeceira um anjo de gesso,
cujas asas foram coladas, sem mais voejar,
repousa suas mãos unidas em prece
e segura um retrato de tardes distantes.
Lá no canto oposto do quarto
repousa um velho palhaço de corda.
Recorda. Tem olhos redondos de medo
e traz estampado na roupa puída
a pasma e embotada palavra
Alegria.
Jônatas Luis Maria