A vida que vale a pena ser vivida.

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Na vida do homem, aonde se insere a liberdade? Poderia afinal existir um conceito fundamental que define liberdade, ao passo que estamos condicionados a viver em sociedade? Como pode, ao mesmo tempo, existir um homem livre, e todos os homens livres?

Para pontuar nossos conceitos, poderíamos focar nosso discurso em um dos critérios da definição filosófica de liberdade: a busca da felicidade. A felicidade por sua vez consiste no bem, no belo e, no sublime. É feliz o homem que pratica o bem, que busca a beleza e que contempla e reflete sobre aquilo que é sublime, mesmo que sua reflexão a cerca do sublime baseie-se inteiramente num processo de fé.

Seria então correta a conclusão: é livre todo homem que é feliz? Sim. É correta. Mas é correta, apenas se partirmos do pressuposto que a busca da felicidade obedece necessariamente não as leis morais, mas a moralidade em si mesma. A lei vem depois. Todavia, a moralidade não é um conceito a priori, mas sim algo que desenvolvemos ao longo do tempo, assim como tantos outros conceitos metafísicos. E este, é um papel que cabe a linguagem, a cognição e ao raciocínio lógico.

A moral em si mesma é estritamente dependente da autonomia da vontade e, a autonomia da vontade é fundamentalmente livre, não pode ser aprisionada nem aniquilada enquanto existe o homem como ser em si mesmo. Entretanto, para que se tenha um resultado satisfatório no desenvolvimento da autonomia da vontade, faz-se necessário dilatar esta autonomia, e este acréscimo começa com o cuidado de si. Não pode respeitar o próximo, o homem que não respeita a si mesmo. Corpo sano, mente sana. Eis aí um dos princípios de liberdade, autonomia e felicidade que perdura a mais de 2200 anos.

Quem respeita si mesmo e, além disso, reflete sobre isto, respeita o próximo porque desenvolve suas virtudes e cria para si um senso de justiça. Claro que a justiça não pode vir a ser um senso individual. Aí vale o imperativo categórico. E é por isso que devemos fazer uso da razão, que analisa o passado e reflete sobre a mudança. E se for preciso errar para acertar mais tarde, que seja. A humanidade, assim como o homem, um dia foi criança. O processo de amadurecimento de um organismo se dá pela passagem do tempo.

Através da razão chegamos ao consenso da lei. E a lei deve ser dinâmica e estar sempre sob analise da razão. Aquilo que é instituído, e a própria instituição, devem ser constantemente revisados. A própria natureza tem seus ciclos de renovação.

O homem que cumpre a lei, não porque é lei, mas por ter ciência de que é seu dever cumpri-la, e questioná-la quando necessário, é o homem que encontrou a harmonia no convívio com seu semelhante, mesmo na condição de seres passionais. É o homem comedido, que soube ponderar entre o mundo natural e o mundo inteligível, o mundo da escolha pela autonomia da vontade. Este homem é feliz porque tem autonomia para buscar aquilo que crê. E este homem é também livre. Porque mesmo que não encontre aquilo que busca, sabe que tem o direito, e também o dever, de procurar.

Jônatas Luis Maria