Roda Vinho

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Para Rafael Teclas

Rabisco demônios, Solstício de verão.
Me agrada quando enredo é teu coração.
Chuvisco de luas, quase um pesar de nudez.
Arrisco-me em crua, um credo de lucidez.

Minha mão é vara das danças esquecidas,
É rito dos espaços, das conjecturas caladas
Que cantei sóbrio, sobre sombra de boleros.

Meus amigos são as flores mais incontáveis,
As composições inacabadas, geniais e cruas
Orquestradas nas florestas abissais do amor.

As mortes reajustam renasceres. Reenlaces de cerne
Nos troncos das carnes pagãs, finais e ardis,
Somáticos, febris. Nos calores incontáveis
D’um carnaval, que ainda está por vir.

Jônatas Luis Maria

Das Intansidades do Sol

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Transito livre por entre meios.
                Jamais chego ao fim.
Caminho por desertos infinitos,
                                               areias do teu corpo.
Navego eterno nos teus antros,
                                Marinheiro sem pátria
para um porto.
                E desisto sutilmente
                                               no teu seio
quando anseio, demente, por teu ventre.

Sou um inteiro outono
                repousando calmo        
                               sobre tuas claves de sol
e nos mistérios profundos do teu sono.
Andarilho dos milênios
                               enquanto sonhas,
atiro-me implacável quando cantas
nos ouvidos absolutos
                              dos maestros.

Assim é meu viver transeunte.
                             Meu bem-querer que se liberta.
Que a coroa divina tua face ostente,
       Inundando mundos e mais que isso,
                com a luz volátil de teus olhares.

Assim é meu viver passaporte,
                essas emoções que resplandecem
                               por entre os dias desse dia-a-dia
                                                                             absoluto.
Meu pôr-do-sol é teu corpo em contraponto,
                                  é tua ira, quando afaga-me os cabelos.




Jônatas Luis Maria