Canção Despedaçada

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Estética minha, crua tal do pouco.
Dizeres de prazer, por prazer de silenciar-se.
História minha, tão minha, todo meu o crime.
Ditos de afogar-se, entre adjetivos.

Ecos do miado, do grunhido no céu da boca.
Cacos do rugido, pedaços de pecado na língua,
Artéria possuída de posse, de apóstrofe,
De apóstolos em ceia sem assunto.

Riscos do perdão no tecido da culpa.
Venenos borrifados entre os gestos,
Angustias, coloridas percorrendo sorriso
Ligeiro a escorrer-se de si, e fugir pelo canto.

Dói, a alma quando espera, em desespero,
Cai o coração, apodrecido sobre as horas lentas,
Desassossegos das linhas poéticas do gemido
Instantâneo a instalar-se entre pausas da prosódia.

Nem mesmo diabos comparam suas forças
Na medida em que pela cara escorre toda vida,
A saber, quem levaria, ao acaso, o desinteressante,
Esquecido nos embalos d’ um berço, e sem poder sonhar.

Jônatas Luis Maria